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- 05 de dezembro de 2017, terça-feira -

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13:30h

Credenciamento

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15:00h - 15:15h

Abertura

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15:15h - 17:00h

Mesa-redonda 1: Cultura na Antiguidade: História e Filosofia

Mediador: Prof. Dr. Peterson Martins (UPE/Campus Petrolina)

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Hedonismo antigo

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Prof. Dr. Rafael Lucas de Lima (UPE/Campus Petrolina)

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O hedonismo é uma das mais antigas perspectivas filosóficas acerca do agir moral, desdobrando-se, da Antiguidade Clássica grega aos nossos dias, em distintas teorias éticas, e mesmo políticas. Seu cerne é o princípio de que não há, nem para o ser humano, nem para qualquer ser sensível, coisa alguma que seja mais digna de ser perseguida como escopo último de todas as nossas ações do que o prazer. O que os hedonistas compreendem por prazer, contudo, comporta algumas variações e discordâncias, que dependem da tradição à qual estejam vinculados. Destarte, alguns assumem a existência de prazeres da alma, ao passo que outros os descartam; uns afirmam que prazer e felicidade são a mesma coisa, enquanto outros negam isso. Em meio a essa diversidade, nosso propósito, nesta mesa-redonda, é abordar aquelas que seriam, quiçá, as éticas hedonistas mais relevantes no contexto histórico da Grécia Antiga – o hedonismo cirenaico e o epicurismo –, destacando a atuação dessas teorias sobre a conduta daqueles que as sustentavam, nos quais se pode ver o engendramento de um verdadeiro ethos hedonista.

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A Apocolocintose do Divino Cláudio: o Antimodelo da Consecratio Imperial a partir da Sátira de Sêneca

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Prof. Dr. Thiago Eustáquio Araújo Mota (UPE/Campus Petrolina)

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Otávio Augusto inaugurou o rito formal da consecratio que conferia aos governantes mortos um estatuto divino, reconhecido através de um decreto senatorial.  No plano oficial, os imperadores divinizados eram tratados exatamente como os deuses tradicionais do panteão romano. Esse novo numen passa a receber templo, sacerdotes e culto. Sacrifícios lhe são oferecidos, orações endereçadas e oráculos apresentados. Tanto o interesse do herdeiro/sucessor e o entusiasmo da população desempenhava um papel catalisador no processo. No Principado de Nero, o filósofo Sêneca relata em sua ficção satírica Apocolocintose (em grego, “Aboborização do Divino Cláudio”) as desventuras do falecido Imperador Cláudio no post mortem, sua expulsão do Olimpo e a descida atabalhoada ao mundo inferior, encontrando personagens consagrados da mitologia do Hades/Averno. Para além das marcas do estoicismo senequiano e dos elementos do gênero satírico, procuramos enfatizar o teor da crítica política e social ao transformar a jornada do governante defunto em um antimodelo da divinização Imperial e, por sua vez, antítese do bom Pinceps.

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Cultura e Violência na Antiguidade

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Prof. Dr. Fernando Mattiolli (UPE/Campus Petrolina)

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A violência foi uma marca indelével nas sociedades da Antiguidade. Na maior parte delas, aquelas que não conseguiram controlar o monopólio da violência, existiram mecanismos sociais responsáveis por controlar a violência. Mesmo nas grandes civilizações, o irrompimento da violência foi combatido com formas de controle não menos violentas, partindo do poder soberano. Essa relação entre irrupção e controle da violência coloca num mesmo cenário agentes opostos, mas que tem a violência como elemento comum. Isso mostra que, mais do que pensar a violência como uma patologia social (como nas sociedades atuais), havia uma cultura de violência nas sociedades da Antiguidade. Nesta Mesa Redonda, será tratado sobre os limites dessa cultura de violência, utilizando como exemplo o caso dos hebreus, uma sociedade em que o uso da violência foi constante e disputado por agências de controle diversas.

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17:15h - 19:00h

Mesa-redonda 2: Cultura popular e representações

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Rituais e divindades na cadência do baque virado: Nações de Maracatu no Carnaval de Rua do Recife

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Prof. Dr. Mário Ribeiro (UPE/Campus Petrolina)

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O campo das festas e expressões culturais populares tem despertado bastante interesse entre os pesquisadores da História Cultural nos últimos anos. Através delas, aproximamo-nos de uma pluralidade de práticas, linguagens e costumes que atribuem sentidos variados aos sujeitos que, inocentemente se divertem, enquanto nós utilizando do nosso olhar treinado de pesquisador, aproveitamos essas ocasiões para identificar as disputas entre os diferentes grupos, os momentos de tensão e conflitos com as autoridades que organizam a festa, as negociações pelos usos dos espaços, as continuidades e descontinuidades de tradições. Para esta mesa, buscarei analisar o Concurso de Agremiações Carnavalescas do Recife na contemporaneidade, sobretudo, os grupos de maracatu nação que dele participam e que possuem estreitas relações com as práticas religiosas afro-brasileiras, em especial o Candomblé e a Jurema Sagrada. Um caminho para entender as religiosidades dentro da unidade da celebração do Carnaval, como se configuram os espaços do sagrado, assim como os códigos criados pelos brincantes para reverenciar as suas divindades nas ruas, pátios e palcos da cidade.

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O problema da crença no século XXI: possibilidades interpretativas a partir da História Cultural das Religiões

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Profª. Drª. Edianne dos Santos Nobre (UPE/Campus Petrolina)

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Nas últimas décadas, a historiografia da História Cultural testemunha um crescente aumento dos estudos de religiões e religiosidades. O fortalecimento do campo denota não só o interesse pelo tema, mas também uma tentativa de compreender as permanências e rupturas com as crenças e códigos culturais construídos ao longo do tempo pelas sociedades, investigando assim, apropriações, práticas e representações que envolvem a religião.  Diante da consolidação dos estudos vinculados à História das religiões, os trabalhos situados dentro do campo teórico-metodológico da História Cultural, especificamente, tem sido esquadrinhados em competentes revisões historiográficas feitas recentemente por Eliane Moura Silva (2011) e Karina Bellotti (2011), para citar alguns exemplos. Neste sentido, nossa abordagem neste trabalho caminha no sentido de entender a introdução dos estudos sobre a religião e sobre as religiosidades no campo da História Cultural, a partir da historicização do conceito de crença, considerando que este campo, nos dá as ferramentas metodológicas para pensar a religião a partir das “alteridades culturais”, ou seja, da ampliação da noção sobre as diversas religiosidades fora do espectro judaico-cristão predominante.

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Cultura visual e cultura popular: um diálogo possível

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Profª. Drª. Rosilene Alves de Melo (UFCG/Campus Cajazeiras)

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A intenção desta comunicação é discutir os significados pictóricos de um conjunto de imagens produzidas para a literatura de cordel no Brasil com vistas a promover o diálogo entre os domínios da cultura visual e a cultura popular. Os objetos artísticos associados à cultura intelectual produzida por poetas e editores situados numa posição de subalternidade são corpos marcados pela diferença; estes objetos visuais são portadores de agência e de biografias. A reflexão sobre as imagens presentes nas capas dos folhetos de cordel suscitam o debate acerca da seguinte questão: o que estas imagens querem? Nestes termos o debate se desloca do campo das representações para as esferas do desejo, do poder e da política. Partindo do pressuposto de que são sujeitos e possuem individualidades complexas, é necessário compreender que as imagens não podem ser reduzidas a objetos a serem decifrados. Pretendemos pensar estas imagens como portadoras de identidades múltiplas, deslocando-se da perspectiva semiótia para conferir ênfase às implicações sociais da visualidade, ou seja, pensar as imagens no complexo jogo das relações sociais.

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19:15h - 21:00h

Conferência 1

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Amor, amor, amor! História da arte, cultura visual, cultura material 

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Profª. Drª. Luciene Lehmkuhl (UFPB)

Mediador: Prof. Dr. Joachin de Melo Azevedo (UPE/Campus Petrolina)

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Amor é termo de interesse ao campo do ensino, especialmente em tempos sombrios para o sistema educacional neste país. Seu uso nos é instigado por Edgar Morin, para quem o amor expressa o ápice supremo da sabedoria e da loucura, simultaneamente, lembrando-nos ser a vida tecida com prosa e poesia. Assim, refletir acerca do amor em diferentes áreas do conhecimento, nos leva a traçar possíveis perspectivas de conexões amorosas entre disciplinas e categorias de estudo. As transversalidades e o borrar das fronteiras oportunizam a “reconciliação” entre a história e a história da arte, comportando também a integração da cultura visual e da cultura material.

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- 06 de dezembro de 2017, quarta-feira -

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17:15h - 19:00h

Mesa-redonda 3: Cultura regional e cultura escrita: interações, manifestações e apropriações

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A tradução cultural e o Medievo nas crônicas castelhanas e portuguesas do século XVI

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Prof. Dr. Luciano José Vianna (UPE/Campus Petrolina)

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Nesta comunicação abordaremos brevemente alguns objetos historiográficos conhecidos tradicionalmente como “as crônicas do século XVI”, as quais foram compostas a partir da experiência do homem europeu medieval com o território americano, tanto no âmbito português quanto no âmbito castelhano. Considerando os objetos destacados acima como pertencentes a uma manifestação historiográfica muito próxima às crônicas medievais, assim como os últimos avanços teórico-metodológicos com respeito às crônicas medievais, tais objetos devem ser estudados a partir de três aspectos: como fonte que narra uma época, como fonte que faz parte da época em que foi composta e como artefato literário que deve ser entendido em sua forma e conteúdo. Neste sentido, abordaremos tais documentos a partir do que Peter Burke denomina “tradução cultural”, ou seja, a tradução de uma cultura através da interpretação com base em conhecimentos já adquiridos, interpretando as novas experiências vivenciadas através de uma bagagem cultural já existente, traduzindo-as em termos que fossem explicáveis. Dessa forma, estudar tais objetos historiográficos como manifestações de um pensamento voltado para o Medievo auxilia na compreensão de que a historiografia do século XVI, em termos de território americano, e a partir de uma visão europeia, ainda apresentava características e pensamentos voltados para uma visão de mundo do Medievo.

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Na voz, a esperança de uma vida melhor: Catalunha e o sonho dos seus assentados

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Prof. Me. Moisés Diniz de Almeida (UPE/Campus Petrolina)

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O Vale do São Francisco ficou conhecido internacionalmente, na década de 1980, pelo grande potencial da fruticultura irrigada, atraindo a instalação de muitas empresas/fazendas do ramo agrícola com apoio e incentivos governamentais.  Entretanto, nos finais da década de 1990 a fruticultura irrigada viveu uma forte crise e muitas fazendas não conseguiram ficar incólume à situação, despontando a partir daí várias lutas, que descortinou a concentração territorial na região, cuja reivindicação principal era à aplicação da política de reforma agrária, na área  compreendida entre os municípios de Petrolina e Santa Maria da Boa Vista. Por conta das reivindicações, algumas das áreas afetadas foram transformadas em Assentamentos. Procurando entender o que aconteceu com essas ocupações, visitamos as fazendas que se transformaram em assentamento: Ouro Verde no município de Lagoa Grande, Safra no município de Santa Maria da Boa Vista e o Catalunha, situado na divisa de limites entre os municípios de Lagoa Grande e Santa Maria da Boa Vista todos no Estado de Pernambuco. Nossa análise terá como eixo principal, o Assentamento Catalunha, por ser o maior de todos e o que ainda está por desenvolver, se é que isso ocorra. Na voz dos assentados, com a metodologia da história oral, veremos como ainda mantém a esperança de uma vida melhor, tendo a terra como fator principal para sustento de suas famílias.

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Todos os pecados serão perdoados:

a blasfêmia nos registros inquisitoriais da Visitação do Santo Ofício a Pernambuco (1593-1595)

 

Prof. Me. Raul Goiana Novaes Menezes (UPE/Campus Petrolina)

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Registrado como pecado abominável desde o Levítico a blasfêmia está presente em toda a história do catolicismo. As falas ofensivas contra Deus, a Virgem Maria ou aos Santos refletem momentos de ira, frustração, descrença ou mesmo de zombaria perante a fé, por parte do cristão. Refletem também, muitas vezes, os modos de sentir e pensar de uma época. Tomando por base a experiência de pesquisa em documentos inquisitoriais relativos a Pernambuco no final do século XVI, argumentaremos sobre as possibilidades de interpretação de aspectos desta sociedade a partir de elementos culturais cristalizados sob a ótica do visitador do Santo Ofício da Inquisição. As denunciações e confissões são fontes ricas tanto para perquirir acerca da condição social do indivíduo quanto para aproximação com o contexto da oralidade do período. Amparado nos debates sobre entrecruzamento de culturas traçados por Carlo Ginzburg e nas críticas feitas pelos expoentes da Nova História Cultural objetivamos exemplificar como a investigação embasada nas premissas culturalistas descortina possibilidades e horizontes inovadores para a produção historiográfica.

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19:15h - 21:00h

Conferência 2 

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O Ensino de História de Traumas Coletivos: o percurso de um campo interdisciplinar

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Prof. Dr. Karl Schurster Veríssimo de Sousa Leão (UPE/Mata Norte)

Mediador: Prof. Dr. Joachin de Melo Azevedo Neto (UPE/Campus Petrolina)

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- 07 de dezembro de 2017, quinta-feira -

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15:15h - 17:00h

Mesa-redonda 4: Narrativas e imagens

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A fotografia como arte da memória e os processos criativos na História: o caso de Euvaldo Macedo Filho

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Prof. Dr. Elson de Assis Rabelo (UNIVASF)

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Nossa contribuição a esta mesa se dará a partir da apresentação de resultados do trabalho de pesquisa e catalogação realizados no âmbito do Projeto Acervo Euvaldo Macedo Filho (1952-1982), que se debruça sobre o material fotográfico e poético produzido por aquele artista juazeirense, no final dos anos 1970 e início dos anos 1980. Euvaldo documentou os anos finais da navegação no rio São Francisco e certos personagens, práticas e espaços populares como as festas, feiras, religiosidades, carnavais e brincadeiras infantis no sertão de Pernambuco e Bahia. Sua documentação escrita e suas longas e variadas séries fotográficas revelam tanto uma inserção vigorosa nos principais veículos de discussão da prática profissional do fotógrafo e de seu reconhecimento enquanto autor, na Bahia e fora dela, naquele momento, quanto um minucioso trabalho poético de elaboração das memórias, sob diferentes perspectivas sociais, e ainda uma ampliação da noção de documentação. O estudo dos processos criativos do fotógrafo indicam o quanto essa noção sofisticada de documento e o uso deliberado da imagem técnica como uma atualização das artes da memória interessam diretamente ao ofício do historiador, na contemporaneidade, na medida em que sugerem formas de lembrar e de narrar através da dimensão visual da História, particularmente da captura seja o que fosse considerado em vias de transformação, seja o que remetesse a outras temporalidades naturais e sociais, a serem inscritas no índice fotográfico.

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Os jogos entre escrita e imagem nas crônicas de Charles Dickens

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Prof. Dr. Joachin de Melo Azevedo (UPE/Campus Petrolina)

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O presente texto tem como escopo construir uma reflexão sobre a presença de uma determinada técnica de composição que está presente nas crônicas de jornalismo literário do escritor inglês Charles Dickens. Ao diluir as fronteiras entre texto e imagem, Dickens elaborou um meticuloso e preciso estilo de interpretação da vida urbana na Londres vitoriana, pautado em uma postura indiciária.

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Aby Warburg e o rascunhar de um “novo método”: contribuições à história do pensamento iconológico.

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Profª. Me. Thays Tonin (UNIBAS/Itália)

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Aby Warburg (1866-1929) nos lembra, em um dos seus motes, “Zum Bild das Wort”, a tarefa dos estudiosos de restituir "a palavra à imagem”. Das suas coordenadas metodológicas acerca dos estudos da tradição clássica na memória ocidental, vemos uma teoria histórica que tangencia formas, imagens, palavras e símbolos, com o intuito de traçar uma linha, (des)contínua, das figurações e motifs  antigos em suas episódicas emersões.  Os esforços do historiador da arte alemão ambicionavam a criação de uma nova disciplina, esta com o intuito de pensar a história da arte atrelada à história da cultura e também a uma possível psicologia da expressão humana. Seu estilo de pesquisa que une palavra e imagem, bem como sua busca por aquilo que compõe o tecido da memória ocidental, contribuíram no estabelecimento de uma das disciplinas de grande discussão no âmbito dos estudos histórico-artísticos, isto é, os Estudos Iconológicos, fundado no ambiente intelectual entre a Kulturwissenschaftliche Bibliothek Warburg e a Universidade de Hamburgo. Sua “Iconologia do intervalo”, como uma Bildwissenschaft (ciência da imagem) ou como uma disciplina histórico-cultural (Kulturgeschichte) de características interdisciplinares, voltava sua atenção ao problema da criação e da interpretação das imagens – problemas estes, que após os anos 1970, adquirem nova vitalidade no âmbito teórico-crítico contemporâneo. A difusão dos estudos warburguianos hoje, quase um século depois de sua morte, é parte do movimento que acontece no debate acadêmico do século XXI, que se desvincula das metodologias protagonistas do século anterior e se depara com um mundo de infindáveis imagens/narrativas em constante produção. Portanto, o escopo desta conferência é colocar em evidência as contribuições dos estudos warburguianos à relação do historiador com as imagens, considerando que uma das fortunas dos estudos históricos não deixa de ser, em outros termos, a tarefa warburguiana: “à imagem, a palavra”.

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17:15h - 19:00h

Mesa-redonda 5:  Cultura e linguagens

 

Memória e linguagem no martelar poético do petrolinense Aldy Carvalho

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Prof. Dr. Simão Pedro dos Santos (UPE/Campus Petrolina)

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Estudar memória e cultura é buscar compreender o homem que as faz como poetas, romancistas, contistas, músicos, escultores, pintores, entre outros, e o que as consome, isto é, um leitor, pois este terá a seu dispor um cabedal de linguagens com as quais se identificará, segundo o olhar, a sensibilidade, conhecimento, as informações, os sentidos, pois memórias são cheiros, paladares, audição, visões, tato, inclusive. Nossa reflexão se dará em torno de uma memória abordada pelo poeta e cantador Aldy Carvalho, com seus textos poéticos-musicais em que a infância, o ciclo familiar, as influências da literatura de cordel, as pedras, o rio, os bichos, os pássaros, os homens são tema de um eu lírico recriador de reminiscências, e que tem, conseguintemente, um leitor local que, objeto e sujeito dos textos com eles provavelmente se identifica. Faz jus lembrarmos com Mikel Dufrenne (1969: 9), para quem “A poesia quer ser poética: ela quer realizar-se [...]. Existe seguramente uma tradição que formou o poeta, e um certo estado presente da poesia que o provoca”. É esta provocação que pretendemos abordar em Aldyr Carvalho, a partir de “Cânticos d’Algibeira” e “Alforge”, dois álbuns musicais de sabor local, com vista a um ágape universal.

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A tradução semiótica de “Dom Casmurro” em “ Capitu”:

uma nova abordagem da mulher do século XIX segundo  a perspectiva cinematográfica

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Profª. Drª. Clarissa Loureiro Marinho Barbosa (UPE/Campus Petrolina)

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Este trabalho se propõe a discutir como a obra “Capitu” de Lígia Fagundes Teles e Paulo Emílio Salles Gomes estabelece uma tradução semiótica do livro “ Dom Casmurro” de Machado de Assis, observando como a troca de um narrador memorialista por uma Câmara altera a recriação de um cosmovisão da mulher do século XIX. São apresentados recursos cinematográficos como iluminação, angulação da câmera e disposição de personagens para se repensar as relações afetivas e sociais de Capitu com o universo da burguesia do Século XIX. Assim, aspectos históricos são abordar como fatores internos da composição textual para a ressignificação da narração que perde a conotação memorialista para se recriar a condução de uma casamento burguês em que o feminino, de fato, se torna argente protagonista do seu nascimento e quiçá ruína, segundo a ótica de uma câmera que se altera à medida que a relação do leitor também se altera com o enredo.   Desta forma, este trabalho pretende analisar como o perfil de Capitu é renovado dentro de uma nova linguagem e abordagem modernas.

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Projetos didáticos com História Oral nos anos iniciais do Ensino Fundamental:

incursões possíveis no Ensino de História

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Prof. Dr. Odair França de Carvalho (UPE/Campus Petrolina)

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O presente texto busca socializar experiências e saberes construídos ao longo da minha carreira como educador da educação básica pública sobre a utilização de projetos didáticos e a metodologia da história oral no ensino de História para professores da educação da infância (educação infantil e anos iniciais do ensino fundamental). Na primeira parte, apresento algumas reflexões sobre a história oral destacando-a como um caminho para construção do conhecimento histórico na perspectiva da história cultural como memória social, na segunda o que entendemos por pedagogia de projetos e seu aporte teórico, na terceira uma sugestão de atividade didática com projetos; na quarta tecemos algumas considerações sobre o trabalho com projetos como estratégia de ensino interdisciplinar. Assim, apostamos na viabilidade dos projetos didáticos na construção da consciência histórica dos alunos, como sujeitos do seu tempo e que suas escolhas estão dotadas de historicidade.

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19:15h - 21:00h

Conferência 3:

 

Prof. Dr. Johnni Langer (UFPB/NEVE)

Mediador: Prof. Dr. Luciano José Vianna (UPE/Campus Petrolina)

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A criação do Norte: vikings, Era Viking e vikingmania na historiografia oitocentista

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A conferência pretende realizar uma análise historiográfica sobre a figura moderna do viking, elaborada essencialmente pela arte romântica ao início do Oitocentos e posteriormente aprimorada pela academia europeia. Após ter sido heroificada pela literatura, a imagem do viking torna-se um tema icônico nas artes plásticas e foi transformada pelas disciplinas da Arqueologia e História em figuras históricas com forte conteúdo nacionalista e aventureiro. Na segunda metade do Oitocentos, foi criado o conceito histórico-arqueológico de Era Viking, que possuía forte conotação imperialista e nacionalista, além de propagar referenciais regionalistas de cultura material nórdica. As elaborações oitocentistas vão constituir a base principal para a vikingmania durante o século XX e XXI e são atualmente analisadas, criticadas, ressignificadas e desconstruídas pelos escandinavistas contemporâneos em diversas situações. Nossa pesquisa é baseada nos referenciais de História Cultural advindos de Peter Burke e Carlo Ginzburg, além de utilizarmos a metodologia do imaginário social de Bronislaw Baczko e Hilário Franco Júnior, bem como os estudos de Andrew Wawn (arte romântica), os referenciais pós-colonialistas de Frederik Svanberg, Maja Hagerman e John Lind e a perspectiva do hibridismo cultural de Clare Downham e Katherine Clare Cross.

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