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A proposta de realização do I Colóquio de História Cultural da Universidade de Pernambuco – UPE/campus Petrolina, entre os dias 05 e 07 de dezembro de 2017, é uma das ações geradas a partir da parceria acadêmica do GEHARTE – Grupo de Estudos em História e Arte (coordenado pelo Prof. Dr. Joachin Melo Azevedo) e do SPATIO SERTI – Grupo de Estudos em Medievalística (coordenado pelo Prof. Dr. Luciano José Vianna), ambos professores do Colegiado de História da Universidade de Pernambuco/campus Petrolina. Um dos focos deste evento é estimular o diálogo entre docentes de diferentes áreas de diferentes colegiados (História, Letras, Filosofia, Pedagogia...), bem como entre os campi da UPE e outras instituições tais quais a UNIVASF, UFPB e UNIBAS (Itália). Nestes termos, além de ter um caráter interdisciplinar, o I Colóquio de História Cultural da Universidade de Pernambuco – UPE/campus Petrolina, da forma que aqui foi pensado, pretende ter periodicidade anual, bem como contribuir para consolidar, entre docentes e discentes do campus Petrolina e região, uma conjuntura pedagógica favorável à troca de conhecimento entre docentes e discentes da UPE e diferentes instituições voltada para a formação de professores

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Podemos entender a cultura enquanto formas de costumes, manifestações imateriais e produções materiais que surgem de uma espécie de excedente espiritual de cada sociedade. As ciências, a Filosofia, o Estado, a religião e a linguagem são os fenômenos culturais que, para o autor, apontam para as particularidades históricas do mundo ocidental. Sedimentada na experiência humana ao longo de diferentes épocas, a cultura é consolidação, apogeu e declínio de tradições comuns coletivas. Quando analisada a partir da política, do pensamento, das artes e do idioma de cada coletividade humana, fornece elementos fundamentais para reflexões sobre os laços que existem entre a antiguidade, o medievo e a modernidade (Cf. BURCKHARDT, 1961, p. 34-86).

 

Dentre os diversos aspectos que a história cultural aborda estão os instrumentos, bens, procedimentos técnicos, ideias, hábitos e valores (SERNA Y PONS, 2012, p. 9-14). Em definitivo, o cultural dentro do campo da história cultural é não somente o artifício da matéria, mas também o significado que atribuímos ao objeto, aos gestos, às ações, etc... Dessa forma, a história cultural aproxima-se ao humano, ao cotidiano, às práticas culturais. Dentro deste panorama, deve-se destacar o que Serna y Pons definem como “códigos culturais”, ou seja, a convenção humana transmitida/renovada à cada geração (Idem, p. 10).

 

É necessário destacar que estes estudos inovadores que influenciaram a história cultural fazem parte de uma renovação/recuperação dos estudos históricos a partir dos anos 70, período durante o qual ocorreu um direcionamento para o âmbito da micro-história e para a elaboração e utilização da narrativa como forma de transmissão da investigação, com o encadeamento dos dados e informações em forma cronológica. Dentro destas mudanças, deve ser relembrada a mudança de perspectiva dos modelos historiográficos pós-segunda guerra mundial, como o marxismo, a segunda geração da Escola dos Annales e a cliometria norte-americana, com suas propostas de construção de interpretações históricas fechadas, estruturais e totalizantes, para o estudo das mentalidades, proporcionado pela chamada terceira geração da Escola dos Annales, e que durante os anos 80 se transformou na chamada Nova História Cultural com uma considerável influência do giro antropológico e o “desencadeamento pós-modernista” com os giros linguístico e narrativo (AURELL, 2005, p. 90-92; 103-105; 112).

 

Por fim, a forma como estes os objetos de estudo em suas mais variadas formas e perspectivas foram tratados teórica e metodologicamente também é uma característica particular história cultural. A partir de então, tais objetos foram “retirados” de uma periferia investigadora e foram estudados como o centro da investigação. A partir desta mudança os historiadores culturais reformularam as relações sociais que rodeavam tais objetos e que faziam parte do contexto de composição dos mesmos, os interesses individuais e coletivos em tais objetos, proporcionando, dessa forma, uma reconstrução da história de tais objetos a partir dos diversos significados dos mesmos, de acordo com Pablo Vázquez Gestal (2001, p. 151-186).

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Para uma melhor dinâmica metodológica e interação entre público e convidados, o evento será dividido em cinco mesas-redondas contando com a exposição de três professores e a atuação dos organizadores enquanto mediadores dos debates. Também haverá três conferências principais. Cada palestrante convidado comentará sobre os percursos empíricos que traçaram ao longo de suas pesquisas de mestrado e/ ou doutorado para o público ouvinte. De antemão, salientamos que consideramos interessante que a abordagem do objeto de estudo de cada pesquisador seja interdisciplinar e que acabe por estimular o gosto pelos estudos de nível superior entre os discentes e professores que estiverem no certame. Posteriormente, nossa intenção é publicar os textos apresentados nas mesas-redondas e nas conferências em formato de livro - através de financiamento público - para que o mesmo resulte como produto final do evento e que possa ser consultado pelo público.

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Prof. Dr. Joachin de Melo Azevedo (UPE/Campus Petrolina)

Prof. Dr. Luciano José Vianna (UPE/Campus Petrolina

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Referências:

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AURELL, Jaume. La escritura de la memoria: de los positivismos a los postmodernismos. Publicacions Universitat de València: València, 2005.

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BURCKHARDT, Jacob. Reflexões sobre a História. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1961.

 

GESTAL, Pablo Vázquez. Desapegándose del texto. Los juegos de la “Nueva Historia Cultural”: Descripción, narración e interpretación. Memoria y Civilización, 4, p. 151-186, 2001.

 

SERNA, Justo e PONS, Anaclet. Presentación. In: POIRRIER, Philippe. La historia cultural. Un giro historiográfico mundial? València: Publicacions de la Universitat de València, 2012, p. 9-14.

 

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